M029 - O Transformador
Índice Geral do Curso de Eletrônica
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O Transformador
O Transformador é amplamente utilizado em eletrônica. As principais finalidades são a transformação de níveis de tensão e isolação de
circuitos eletrônicos.
Fig 1
Basicamente, o transformador utiliza a energia acumulada em campo magnético para realizar sua função. Ele é composto por um enrrolamento
primário e um (ou mais) enrrolamentos secundários. Normalmente deseja-se transferir potência entre o enrrolamento primário e o(s)
enrrolamento(s) secundário(s).
Fig 2
O núcleo do transformador é composto de material Ferromagnético. Estes materiais tem a propriedade de
concentrar e orientar o campo magnético que passa por eles, como vimos nos módulos anteriores. O parâmetro do núcleo, definido como
Relutância (ℜ), indica a dificuldade que este núcleo impõe à passagem do fluxo magnético, de forma semelhante à dificuldade
que a Resistência impõe à passagem da corrente elétrica.
Os enrrolamentos primário e secundários são bobinas e funcionam como Indutores.
Na figura 3, ao aplicarmos o sinal de tensão alternada VP ao enrrolamento primário, este induz no interior do
núcleo o fluxo magnético Ø. Se o núcleo apresentar uma baixa relutância, as linhas de campo que formam o fluxo
Ø vão "preferir" passar pelo núcleo, pois a relutância do ar é muito mais alta. Assim, poucas linhas de fluxo se dispersam
para fora do núcleo. E quanto menos linhas se dispersarem melhor, pois melhora a eficiência do transformador.
Fig 3
Na figura 3, se considerarmos um núcleo ideal, com poucas perdas, o Fluxo Magnético Ø, produzido pelo
primário, passa no interior do enrrolamento primário e também no interior dos enrrolamentos secundários S1 e
S2. O fluxo é o mesmo. Sob o ponto de vista dos enrrolamentos secundários, a única coisa que eles percebem é o
Fluxo Magnético Ø, passando em seu interior. Mas o efeito da passagem deste fluxo pelo interior do enrrolamento é
multiplicado pelo número de espiras por se tratar de um fluxo concatenado, como voce pode ver em Indutores.
Se você aplica uma tensão alternada ao enrrolamento e isto causa a indução de fluxo concatenado em seu interior, a reciproca
também é verdadeira. Ou seja, se passar um fluxo magnético pelo interior do enrrolamento vai aparecer uma tensão induzida nos extremos
deste enrrolamento. O valor desta tensão é data por:
Vinduzida = n . dØ / dt;
Onde n é o número de espiras do enrrolamento.
A fórmula acima diz que a tensão induzida no enrrolamento é o produto de seu número de espiras pela derivada do fluxo. Se você não conhece o
conceito de derivada, não se preocupe. O importante na fórmula anterior é que para haver tensão induzida tem de haver variação da intensidade
do Fluxo. Além disto a tensão induzida é proporcional ao número de espiras do enrrolamento.
Pois bem. Se a tensão induzida é diretamente proporcional ao número de espiras e à variação do Fluxo ( dØ/dt) e se este mesmo Fluxo
está passando no interior de S1 e S2, podemos concluir que as tensões induzidas nos 3
enrrolamentos do transformador da figura 3 são:
VP = NP . dØ / dt;
VS1 = NS1 . dØ / dt;
e
VS2 = NS2 . dØ / dt;
Assim:
VS1 = (NS1 / NP) . VP;
VS2 = (NS2 / NP) . VP;
A conclusão então é que podemos calcular a tensão de cada enrrolamento secundário, conhecendo a tensão aplicada ao primário e a relação
do número de espiras.
Vejamos um exemplo:
1) Numa indústria o departamento comercial comprou uma máquina injetora cujo motor funciona em
220Vac. Mas a entrada de energia da empresa é em 380Vac. Dimensione o número de espiras do secundário de um transformador para adequar a
tensão da entrada à injetora, sabendo que o enrrolamento primário tem 200 espiras.
Resposta:
NP = 200 espiras;
VS = (NS / NP) . VP Logo: NS = (VS / VP) . NP ;
então:
NS = (220Vac / 380Vac) . 200 espiras = 115,8 espiras;
Assim, precisamos enrrolar um secundário com 116 espiras para obter a tensão correta de 220Vac para a injetora.
Além das tensões de primário e secundário, é importante conhecer também a relação entre as correntes. O transformador não acumula
energia. Ele apenas transfere a energia aplicada ao primário aos enrrolamentos secundários. No transformador da figura 3, a potência
de entrada é dada por:
PP = VP . IP;
A potência entregue a cada secundário é dada por:
PS1 = VS1 . IS1;
PS2 = VS2 . IS2;
Então a potência total entregue ao secundário é dada por:
PS = PS1 + PS2;
Substituindo as tensões de secundário pela relação de espiras e tensão de primário chegamos a:
IP = (NS1 / NP) .IS1 + (NS2 / NP) .IS2 ;
Vejamos outro exemplo:
2) Você comprou uma televisão nova que funciona em 220Vac, mas a tensão que chega a sua casa é de
110Vac. Você resolve o problema (conforme visto no exemplo 1), colocando um transformador entre a tomada e a televisão com uma relação
de espiras NS / NP = 2. Mas você quer colocar um fusível no circuito do primário para proteção em caso
de curto. Sabendo que a potência total consumida pela televisão é de 300W, qual a capacidade mínima para o fusível de proteção?
Resposta:
IP = (NS / NP) .IS;
A corrente IS é dada por PS / VS = 300 / 220 = 1,36A;
Logo a corrente no primário é dada por:
IP = 2 . 1,36 = 2,72A;
Então você tem de utilizar um fusível com capacidade mínima de 2,72A.